segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Reflexões sobre a educação de nossos filhos

Por Vanessa Coutinho

   Pietro tem 15 anos. Lançou uma bomba na internet: sua colega de turma e o professor de Português estavam namorando. É óbvio que lançou esta bomba anonimamente.
   Sua escola, de orientação bastante tradicional, como já era de se esperar, iniciou uma busca investigativa pelo responsável por tal escândalo. Como não há segredo tão bem guardado, ainda mais aos 15 anos, Pietro é o suspeito número um, embora não haja provas. Quase diariamente ele é chamado à coordenação para esclarecimentos. É como um inquérito policial. Pesado demais para sua pouca idade. Pediu ajuda.
   Confessou aos pais o que havia feito. Estes trouxeram-no ao consultório de Psicologia.
   -E então, Pietro, o que está acontecendo com você?
   -Eu postei na internet que um professor estava saindo com uma aluna.
   -Por quê fez isso?
   -Porque não gosto dele.
   -E o que faz você pensar que ele sai com uma aluna?
   -Eu não penso isso de verdade.
   -Ah, não?
   -Não. Eu só inventei essa história para ele ser mandado embora.
   Bem... naturalmente esse papo foi longe. Mas o grande drama de Pietro não foi ter postado uma calúnia na internet, que poderia causar enormes danos emocionais e práticos ao professor e à menina. Seu grande drama era que, se fosse descoberto, poderia ser expulso do colégio.
   Quando conversamos a respeito de passar tudo a limpo, para enfim se libertar da tortura quase diária das visitas à coordenação, disse que já havia pensado nisso. Mas não o faria porque seria punido.
   Em momento algum Pietro se arrependeu de ter exposto indevidamente uma colega e o professor. Seus pais não sabiam como orientá-lo, não sabiam o que sugerir que ele fizesse.
   Difícil a situação de todos os envolvidos: Pietro, seus pais, a escola, o professor e a jovem. Não há dúvida de que ele, o rapaz, agiu de forma imprópria. Utilizou-se de uma maneira disfuncional para tentar se livrar de um problema, e agora depara-se com o resultado de sua ação. Isso se chama limite.
   Não busco culpados, este não é meu papel. Creio que seja possível que a família negocie com a escola uma punição diferente da tão temida expulsão, caso haja abertura para que ele assuma o que fez e possa, claramente, falar com o professor sobre seus desconfortos. Mas minha grande angústia é ouvir Pietro narrar seu ato sem se dar conta da gravidade do que fez. Sinto que se não estivesse na iminência de ser descoberto, estaria calmo, tranquilo e até "curtindo" a "graça" da história.
   Impossível não lembrar do jovem que, num "pega", atropelou Rafael Mascarenhas, e que rapidamente, com o apoio do pai, subornou policiais, mais preocupado com escapar ileso do que em prestar socorro à vítima(!). Ou dos que bateram em uma doméstica por pensar que era prostituta (!!). Ou os que queimaram o índio acreditando ser um morador de rua (!!!). O mundo, para alguns jovens (e outros nem tão jovens), parece dividido em nós e eles. Não há igualdade ou solidariedade. Algo nos separa. Pergunto-me por que estes pais não ensinaram a Pietro o significado da palavra calúnia, e pergunto-me também se, ao buscar uma psicóloga, vieram em busca de um trabalho que ajude o filho a compreender seus valores ou em busca de uma pessoa que o ajude a "safar-se" desta situação.
   Pietro, sem dúvida, me interessa: importo-me com ele, com seus sentimentos e sua crise atual. Interessa-me ainda mais a possibilidade de estar diante de uma família totalmente perdida, sem rumo, incapaz de por limites em seu filho, que, por sua vez, é incapaz de encarar frustrações. Isto sim é uma bomba. Alguém que não foi encorajado a encarar a frustração será sempre um perigo, para si mesmo e para os outros.

A pata do elefante

   Ontem, ao buscar algo para ver em algum perdido canal de televisão, acabei parando em uma série americana que tem como tema aventuras do FBI. Peguei a cena em que um dos chefes falava com uma policial, a respeito de como algumas pessoas carregam em si marcas dolorosas da infância, marcas de dominação. Ele dizia que os adestradores de elefantes costumavam amarrar a pata do animal desde muito novo com uma forte corrente. Assim, ao longo dos anos, o elefante acabava por desistir de lutar, e submetia sua enorme força ao domínio do treinador. Ao chegar a este ponto, bastava amarrá-lo com um barbante para levá-lo a fazer qualquer coisa.
   Quantas vezes este mesmo mecanismo acontece com os humanos, é claro que de uma forma simbólica. Perde-se a crença na própria força, e passa-se a obedecer ao comando de um fio de barbante...



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Novembro

Novembro é um mês muito especial para mim. É o mês em que nasceram minhas duas filhas: Luísa no dia 15, e Sofia no dia 30.
Não posso deixar de registrar o quanto são especiais estes encontros em minha vida, em minha história, em minha alma!