sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Convite

Amigos

Convido vocês a conhecerem meu novo blog: "Cantos de Desencontro". Lá, eu publico meus contos, que há alguns anos escrevo. Espero que gostem, e, se gostarem, divulguem!
http://www.cantosdedesencontro.blogspot.com/

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Psicologia e Cinema

"Minhas tardes com Margueritte" é um filme bem interessante. Este drama francês de 2010, dirigido por Jean Becker e estrelado por Gérard Depardieu tem inúmeras possibilidades de análise, inúmeros caminhos que podemos trilhar e todos justificam vê-lo. O que mais me atraiu foi a relação entre Germain (Depardieu) e Margueritte (Gisèlle Casadesus) como um atalho para que aquele pudesse ressignificar sua difícil relação com a mãe.
Germain foi fruto de um encontro furtivo entre sua mãe e um jovem, durante uma festa, uma espécie de quermesse. Durante toda a infância sofreu com os comentários e atitudes carregados de desamor vindos dessa mãe. Para piorar sua situação emocional, torna-se desafeto do professor na escola primária e aí... mais humilhações e desrespeito. Germain cresce como um típico homem bom e ingênuo, ainda encontrando "amigos" que riem de sua falta de cultura e educação. Mas tem uma namorada que o ama, o que, de certa forma, o ajuda a sentir-se melhor.
Sua mãe, agora idosa, continua a tratá-lo com o mesmo desamor, o mesmo desrespeito, e Germain vai morar em um trailler no quintal.
Uma tarde, por acaso, conhece Margueritte, uma senhora de mais de noventa anos, educada, culta, amante de Literatura, com quem passa a manter conversas todas as tardes, enquanto observa os pombos na praça. Durante essas conversas, Margueritte vai trazendo Germain para o universo dos livros e da Filosofia, sem se preocupar com seu jeito e eventuais comentários indelicados que ele possa fazer sem perceber.
Com a relação com Margueritte, Germain consegue se fortalecer o suficiente para rever a história com a mãe, inclusive podendo lamentar sua perda e descobrir que ela havia, afinal, lhe deixado uma herança material, o que, certamente, sem esse novo vínculo afetivo com uma figura materna positiva, não seria possível sequer compreender.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Robert A. Johnson

"Assim como o fogo, se dominadas, as virtudes do sexo oposto que temos dentro de nós transformam-se num maravilhoso servo; não dominadas, são um terrível senhor."



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aos amigos...

... e seguidores do Psicologia e Arte, Um Feliz Natal e um Ano Novo de muitas realizações!



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Aconteceu numa sessão de arteterapia

Por Vanessa Coutinho

   Letícia é uma linda menina de 7 anos de idade. Estávamos em nossa primeira sessão e tudo ia bem até que ela perguntou: "Quanto tempo falta para terminar?". "Dez minutos." - respondi. Ela começou a ficar aflita, e finalmente, desabafou: "será que minha mãe vem me buscar?". Eu sabia que a mãe estava lá fora. Não tínhamos, eu e Letícia, desenvolvido ainda um laço suficientemente forte para que a responsável pudesse se ausentar. Então perguntei:
   - Por que ela não viria?
   - Às vezes eu acho que minha mãe me odeia. Só às vezes... Se ela não vier, você sabe me levar para casa?
   Sensibilizei-me profundamente diante daquele pedido de ajuda. Assegurei à menina que sua mãe estava lá fora e que não havia o risco de que não viesse buscá-la. Letícia, um pouco mais tranquila, mas não totalmente, falou das incontáveis vezes em que a mãe se atrasava para buscá-la na escola, no balé, na fono...
   Conversamos a respeito dessa angústia, desse fantasma do abandono. Apesar de ter sido avisada de que a mãe estava presente, a menina insistiu: "Se ela tiver ido embora você vai me levar para casa?".
   Percebi que ela precisava de algo além da informação concreta. Eu podia simplesmente abrir a porta e mostrar a ela que a mãe estava lá. Mas percebi que, paradoxalmente, naquele momento, isto seria pouco. Olhei em seu rosto e disse: "Letícia, você está aqui comigo. Não vou levar você para casa para te deixar sozinha. Vamos ficar juntas até você ir embora com sua mãe".
   Mesmo eu, adulta, terapeuta há mais tempo do que ela tinha de vida, senti uma ansiedade diante da fantasia do que faria se, ao abrir a porta, a mãe não estivesse lá, embora eu soubesse que isso não ia acontecer. Entendi um pouco do que a criança sentia. Dividi com ela aquele momento de desamparo. Assim, pude ampará-la.
   Ela me olhou e sorriu. Às vezes o espaço terapêutico nos oferece um canal direto ao que de mais íntimo há no outro. Eu havia conseguido usar este canal.

                                                           


Sobre um dia vendo o sol nascer...

   Eram mais ou menos quatro e meia da manhã quando Luísa me acordou: "Mãe, não consigo mais dormir". Olhei pela janela, o céu ainda bem escuro. "O que eu faço?" - ela perguntou. "Feche os olhos que o sono vem". Cinco minutos mais tarde: "Mãe, o sono não veio, o que eu faço?". Lembrei de algumas amigas, que, passando dos 35 anos, sem filhos, começam a se questionar se desejam ser mães. Começam a pensar no que significa assumir a criação de uma criança e, consequentemente, não só nos ganhos, mas também nas perdas que terão (esse é o seu lado racional). Ao mesmo tempo, dentro delas alguma coisa se agita, trazendo sonhos, fantasias e imagens ligadas à maternidade.Lembrei também que havia ido deitar na noite anterior satisfeita por poder acordar um pouco mais tarde do que de costume, em função do cancelamento do meu primeiro compromisso da manhã. E lá estava eu, de olhos bem abertos antes mesmo do dia raiar. Não sei o que ocasionou esta insônia inesperada. Nunca havia acontecido e, até agora, não voltou a acontecer. Mas ficamos conversando bastante, contando histórias, falando sobre os mais diversos assuntos, com o cuidado de não acordar Sofia, até que Luísa declarou: "Mãe, não vou mais dormir. Já está 'clarescendo'. Vou ver o sol nascer". 
   Cheia de sono, os olhos ardendo, fui para a janela ver o sol nascer. Depois, tomar um banho e, vida que segue... Com toda a certeza do mundo de que ser mãe, para mim, valeu a pena. E muito!